União das Esquerdas ( PT– III): as interferências nos diretórios do interior

Por Egydio Schwade (*)

Devido ao sucesso estrondoso do PT nas eleições de 89, várias lideranças do PC do B, se filiaram ao PT e se juntaram à linha dominante de Manaus, os metalúrgicos,  trazendo novo método de ação ao Partido. Assim, líderes do PCdoB e petistas do Distrito Industrial de Manaus, começaram a dominar o PT, impondo aos diretórios do interior uma nova estratégia de ação, pouco democrática que interferiu e acabou dominando os Diretórios do PT no Interior e afastando os movimentos populares que criaram o Partido.

Por exemplo, aqui em Pres. Figueiredo, aproveitando a morte do Presidente do Diretório Municipal, a direção estadual, convocou em 1991 uma reunião com os filiados da cidade e nomeou o filho, homônimo do pai falecido, para presidente do Partido, sem sequer estar filiado. Nenhum fundador do Partido do interior foi convidado para a reunião. Reclamações das bases foram ignoradas e seguiu-se então um total descontrole do Partido que favoreceu os interesses da tendência hegemônica dominante em Manaus, impondo a sua vontade e metodologia antidemocrática.

O novo Presidente se lançou como único candidato a vereador. Elegeu-se, mas três meses depois abandonou o partido, sem sequer comunicar a decisão que só veio a público, 6 meses depois de sua saída. E por pelo menos duas vezes, o Diretório Estadual, impôs ao partido no Município o seu candidato a prefeito, atitude à revelia da linha de ação do PT. Um deles era um indivíduo que deveria estar preso, envolvido em 5 processos, três deles criminais. Em outro momento, impôs a candidata do PCdo B, contra o Diretório Municipal que escolhera um petista muito respeitado em todos os setores municipais. Resultado: uma derrota humilhante.

Quando da eleição de Lula em 2002, o Diretório Nacional solicitou aos Diretórios Municipais, onde houvesse cargos federais a serem preenchidos que indicassem pessoas para ocupá-los. Aqui havia dois cargos a serem preenchidos: INCRA e IBAMA. O Diretório Municipal, convocou os filiados que indicaram dois companheiros há muito tempo envolvidos nesta luta aqui no município. Entretanto, o IBAMA foi extinto no município e passando por cima da decisão do Diretório Municipal, o Diretório Estadual nomeou um ilustre desconhecido do Alto Solimões, para ocupar o cargo do INCRA. Ocupou durante os 13 anos de Governo do PT o cargo. Cometeu absurdos como uma Reforma Agrária às avessas. Durante todo este tempo não se conseguiu uma só reunião do Partido para avaliar a sua ação. Tudo ficou entregue ao sabor dos interesses articulados entre o Diretório Estadual e as lideranças hegemônicas urbanas.

A interferência nos Diretórios Municipais do interior, contrariando as decisões locais, se tornaram um vicio. Outros muitos casos evidentes e escandalosos de interferências aconteceram e inibiram o andamento do Partido a nível de Estados e Municípios.

(*) Egydio Schwade é filósofo, teólogo, indigenista e ativista social brasileiro. 

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