Representantes estudantis, que lutam contra a intervenção na UFERSA, sofrem criminalização e perseguição

Página 13 divulga nota Nota Oficial DCE Romana Barros – Ufersa que denuncia o violento processo de perseguição e criminalização imposto aos representantes estudantis da universidade em razão de sua luta contra a intervenção na universidade.

NOTA OFICIAL – DCE Romana Barros – Ufersa

A direção do Diretório Central dos Estudantes Romana Barros, entidade representativa dos estudantes da Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA), torna público o violento processo de perseguição e criminalização que os representantes estudantis da universidade estão vivendo.

Nesta quinta-feira (27) a Coordenadora Geral da entidade, a estudante do curso de Direito em Mossoró, Ana Flávia Lira, recebeu uma intimação da Polícia Federal para que preste depoimento junto ao órgão após uma denúncia realizada pela professora Ludmilla Serafim, que acusa a estudante, democraticamente eleita como representante dos estudantes, de cometer atos de calúnia e difamação por caracterizá-la como “golpista” e “interventora”.

A medida adotada apenas reforça a intenção autoritária e comprova que foi para perseguir e criminalizar a comunidade acadêmica que ela, que perdeu as eleições para a reitoria, está tentando assumir a reitoria à revelia do resultado das urnas.

Que tipo de professora chama a polícia para impedir que uma estudante manifeste sua opinião?

Como se já não bastasse a desproporcionalidade do ato, de tratar questões políticas da universidade como caso de polícia, a terceira colocada na consulta da UFERSA vai além e acusa uma estudante de formação de quadrilha! E por qual motivo? Pela sua incapacidade de lidar com o contraditório e não saber lidar com a indignação da comunidade ufersiana, que já demonstrou que não aceita um tacanho e brutal ataque à sua democracia interna.

Optar por não resolver as divergências internas no seio da instituição e dos preceitos democráticos, e adotar uma conduta policialesca é algo absolutamente incompatível com quem busca ocupar a reitoria de uma instituição de educação.

Como conseguiria gerir uma instituição com este tipo de método? Perseguindo politicamente estudantes, docentes, técnicos administrativos e trabalhadores terceirizados? Fazendo das nossas entidades de representação de classe organizações criminosas? Serão, pois, os 60 estudantes que compõem o DCE, cheios de sonhos, de vida e de sede por transformação, membros de uma quadrilha?

Nos parece que para a interventora e toda a sua equipe, sim. E em tempos tão duros para o nosso país, em que uma crise sanitária, política e social causa milhares de mortes todos os dias, as universidades e seus gestores deveriam estar procurando proteger seus estudantes e sua comunidade acadêmica, além de contribuir com propostas e alternativas que amenizem a crise. No entanto, a intervenção na UFERSA busca justamente evitar que tudo isso aconteça, na tentativa de amordaçar os estudantes e petrificar as liberdades.

A interventora estava correta e já nos alertava a que vinha: “quem não quiser, saia”. Poderia até ser um conselho para que a legião que não apoia a intervenção saísse por vontade própria, mas pelo visto foi um recado bem claro: vai haver perseguição, vai haver sangramento até que os que não a reconhecem saiam da UFERSA.

Mal sabe ela que se depender de nós e da nossa luta, nós continuaremos na UFERSA. Continuaremos na UFERSA como estudantes, pesquisadores, extensionistas, bolsistas da PROAE e organizados no Diretório Central dos Estudantes Romana Barros e em todos os Diretórios e Centros Acadêmicos.

Não aceitaremos a naturalização dessa perseguição política em nossa universidade. Essa ação tacanha só prova que o ataque que estamos sofrendo do Governo Federal e dos seus aliados não é apenas a usurpação do cargo de Reitor, mas é todo um projeto antidemocrático e de perseguição às divergências para que se possa, de fato, implementar o desmonte da nossa educação pública, gratuita e de qualidade.

Nesse sentido, a caracterização desse violento processo de criminalização é comprovada com a maneira com que a Polícia Federal agiu para atender ao pedido da interventora, feito no dia 26. Apenas um dia depois, na quinta-feira (27), a intimação foi realizada para que a estudante preste o depoimento no dia seguinte (28). Não bastando essa anormal celeridade, que não ocorre quando se trata de investigações que envolvem a família do presidente da República, não respeitou, sequer, a antecedência mínima de 48 horas entre o ato e a oitiva, além de não conter o tipo de procedimento, o número, a comunicante, os fatos e a imputação sob investigação.

É importante destacar que esse ataque não simboliza uma perseguição apenas às nossas lideranças estudantis. Simboliza uma perseguição à organização dos estudantes. Um ataque ao Diretório Central dos Estudantes da UFERSA. Um ataque aos direitos que conquistamos a partir de duras e boas lutas. Atacar o DCE, que garantiu Restaurante Universitário em semana de provas finais, que garantiu a retomada do pagamento de bolsas e auxílios permanência em tempos de pandemia, que garantiu auxílio inclusão digital e tantas outras conquistas, significa a tentativa de desarticular a nossa capacidade de luta e a nossa capacidade de conquistar mais direitos na nossa universidade.

Por isso, não vamos admitir quaisquer ataques e constrangimentos à nossa organização ou a qualquer estudante desta universidade. Estamos dispostos para seguir na luta, com o mesmo ímpeto, lucidez e rebeldia que esses tempos exigem, pois não é uma intimidação que nos fará recuar. Lutaremos, até o fim, pela posse do Reitor Eleito e em defesa da democracia e auto-organização estudantil.

Toda solidariedade a estudante Ana Flávia!

Convocamos todas e todos para defender a UFERSA!

 

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