Pedro Castillo é oficialmente declarado presidente eleito do Peru

Juizado Nacional Eleitoral do Peru proclamou resultado após rejeitar todos os recursos apresentados pela adversária de Castillo nas eleições, a ultradireitista Keiko Fujimori

Reprodução/Peru Libre
Pedro Castillo é, oficialmente, presidente eleito do Peru e toma posse em 28 de julho

Publicado originalmente no Opera Mundi

O Juizado Nacional Eleitoral (JNE) do Peru, proclamou na noite desta segunda-feira (19/07), oficialmente, Pedro Castillo como novo presidente do país, após todos os recursos apresentados por sua adversária, a ultradireitista Keiko Fujimori, terem sido rejeitados pela corte.

A proclamação confirma aquilo que as urnas já haviam manifestado. Castillo venceu o segundo turno do pleito presidencial com 50,13% dos votos, contra 49,87% da filha do ex-ditador Alberto Fujimori.

Mais cedo, Keiko disse que “reconhecia” a derrota para Castillo. Ela não conseguiu provar, em nenhum momento, as supostas fraudes que apontava no pleito.

Castillo toma posse no dia 28 de julho. Pelo Twitter, o presidente eleito agradeceu o apoio popular e pediu unidade para o país.

“Obrigado povo peruano por este triunfo histórico. Chegou o momento de convocar todos os setores da sociedade para construir, unidos, um Peru inclusivo, um Peru justo, um Peru Livre, sem discriminação e pelos direitos de todos e todas”, disse.

Apuração

A apuração do 2º turno das eleições peruanas foi acirrada e o resultado das eleições só foi conhecido dias depois.

No dia da votação, 6 de junho, pesquisas boca de urna e até mesmo a contagem rápida feita por institutos de pesquisa indicavam um empate técnico entre os dois candidatos.

Não tardou, entretanto, para Keiko, ao ver que o atual presidente eleito a ultrapassava na apuração, levantar suspeitas de fraude eleitoral, que foram rejeitadas desde o primeiro momento por observadores internacionais.

Aos 98% da apuração, Castillo chegou a se declarar vencedor, mas pedia calma à população e que evitasse “cair em provocações”.

Veja como foi a apuração no Peru:

Como a apuração avançou ao longo do tempo:

Na reta final, Fujimori começou a empreender esforços para apresentar recursos jurídicos que pretendiam, sob alegações de fraude, anular mais de 200 mil votos, em regiões que majoritariamente haviam votado por Castillo.

Além disso, uma manobra na Justiça Eleitoral, cinco dias após a votação, pretendia reverter a vantagem do esquerdista ampliando o prazo para apresentação de recursos, o que favoreceria a candidata da extrema direita. Amplamente denunciada por organismos peruano e internacionais, a medida acabou derrotada.

A partir daquele momento, Castillo e seu partido, o Perú Libre, pediram que os órgãos eleitorais do país agissem com transparência, condenaram o que chamaram de “atitudes golpistas” de Keiko e convocaram sua militância a tomar as ruas do Peru para defender a vitória iminente que se projetava.

Já no dia 26 de junho, enquanto o Júri Eleitoral Nacional (JNE) julgava os recursos apresentados dentro do prazo legal pela campanha de Fujimori, o MP anunciou o início de uma investigação sobre áudios nos quais o ex-homem forte da ditadura de Alberto Fujimori (1990-2000), Vladimiro Montesinos, planejava subornar membros do JNE em ações ilegais para permitir que a filha do ex-ditador, Keiko, tivesse seus recursos aceitos e fosse declarada vencedora das eleições presidenciais do país.

Os últimos recursos em tramitação no JNE só foram indeferidos no dia 12 de julho, colocando por terra as esperanças de Keiko de contestar o resultado das eleições.

A ultradireitista ainda tentou desestabilizar a conjuntura peruana convocando apoiadores para protestar contra supostas fraudes no pleito. Durante manifestações em Lima na última quarta-feira (14/07), fujimoristas apedrejaram veículos oficiais dos ministros da Saúde, Óscar Ugarte, e da Habitação, Solangel Fernández, e depredaram o centro da cidade em protesto contra os resultados que dão vitória a Pedro Castillo.

O governo do atual presidente Francisco Sagasti e organismos internacionais condenaram duramente os atos e pediram respeito à vontade popular.

 

 

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