Orientação Militante N°281 ( 31 de maio de 2021)

Boletim interno da Direção Nacional da

tendência petista Articulação de Esquerda

N°281 (31 de maio de 2021)

1.Reunião da Dnae

 A direção nacional vai se reunir no dia 30 de maio, com a seguinte pauta:

1/resolução sobre conjuntura;

2/Informe e deliberações sobre o GTA;

3/Informes e deliberações sobre setorial de juventude;

4/Informe e deliberação sobre encontros setoriais do PT;

5/Informe e deliberação sobre o setorial de combate ao racismo;

6/Informe sobre plenária nacional do setorial LGBT+;

7/Informe e deliberação sobre conferência de mulheres;

8/Informe e deliberações sobre Encontro nacional livre;

9/Informes e deliberações sobre a FPA;

10/Informe e deliberações sobre a bancada federal;

11/Informe e deliberações da tesouraria;

12/Informe e deliberações da formação/Nova Primavera;

13/Informe e deliberações da comunicação;

14/Informe e deliberações sobre estados (ver ponto 5 deste OM);

15/encaminhamentos pendentes (ver ponto 6 deste Orientação Militante);

16/próxima reunião da Dnae.

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2.Resolução sobre conjuntura

A direção nacional da tendência petista Articulação de Esquerda, reunida no dia 30 de maio, aprova a seguinte resolução sobre a conjuntura nacional:

1.Saudamos as manifestações populares pelo Fora Bolsonaro, realizadas no dia 29 de maio em centenas de cidades do Brasil e no exterior. As centenas de milhares de pessoas que foram às ruas lutar por vacina, auxílio emergencial e pelo impeachment representam o sentimento da maioria do povo brasileiro.

2.A manifestação popular direta, presencial, nas ruas é essencial para acelerar a queda do governo Bolsonaro, para viabilizar uma alternativa eleitoral de esquerda e, principalmente, para sustentar a prolongada luta que será necessário travar contra o neofascismo e o neoliberalismo. Confirma-se o acerto de convocar as manifestações: contra o desemprego e a fome, assim como contra a terceira onda da Covid 19, a mais importante medida sanitária é fortalecer a campanha pelo Fora Bolsonaro. Os petistas que foram às ruas, carregando nossos símbolos e bandeiras, honraram as melhores tradições da classe trabalhadora.

3.Sempre mantendo as medidas sanitárias e cuidando dos mais frágeis, outras manifestações devem ser realizadas e cabe ao PT trabalhar por ampliar o engajamento popular, a começar pelo próprio partido, pelo MST e pela CUT, tendo em perspectiva realizar um dia nacional de greve geral pelo Fora Bolsonaro e pelas reivindicações do povo. Nenhum passo atrás; avançar sempre mantendo e ampliando a unidade de todos os setores populares e de esquerda, para derrotar Bolsonaro e seu governo antes que eles destruam irreversivelmente nosso país.

4.As próximas manifestações precisam reforçar as medidas de segurança contra provocações, infiltrações e contra eventual repressão policial e judicial – que se manifestaram no caso de Pernambuco, estado governado por uma aliança entre PSB e PCdoB. O governador afastou os diretamente envolvidos e a vice governadora enfatizou que não havia ordens para a PM intervir, confirmando que há um problema estrutural que justifica a posição – defendida pela esquerda – de desmilitarização e controle efetivo sobre tais aparatos.

5.A influência da extrema-direita nos aparatos da segurança pública e nas forças armadas é um problema estratégico central. Insistimos para que o “programa de reconstrução e transformação” aborde a questão das forças armadas, até agora ausente; e também insistimos que o programa priorize a desmilitarização da segurança pública (lembrando que o governo Bolsonaro se movimenta para ganhar controle direto sobre as polícias militares, para além do fato de serem consideradas forças auxiliares das forças armadas).

6.O protagonismo independente dos setores populares é essencial, também, para deter as pressões que são feitas – dentro e fora da esquerda – em favor de uma “frente ampla” com a centro-direita e com a direita neoliberal tradicional. Tal “frente ampla” implicaria, caso aceita, num rebaixamento programático que impediria a um futuro governo de esquerda desfazer todas as medidas implementadas pelos golpistas desde 2016 até agora. E sem desfazer aquelas medidas, não haverá como superar a crise social e econômica em benefício do povo brasileiro. Por isso a polarização com neoliberais e neofascistas nos interessa.

7.Destacamos a necessidade de revogar os tetos de gastos, a reforma previdenciária, a reforma trabalhista, a independência do Banco Central. E também reverter as privatizações e a destruição do patrimônio público, com destaque para a Petrobras. Destacamos a necessidade de democratizar o judiciário, acabar com a tutela militar, quebrar o oligopólio financeiro e midiático (inclusive taxando exemplarmente as grandes plataformas). O Brasil precisa de um sistema tributário que taxe pesadamente as grandes fortunas e que isente do IR quem ganha até 4 salários mínimos. De uma política econômica e social que gere desenvolvimento, empregos, salários e bem-estar social. E de uma política externa que recupere nossa soberania, reconstrua a integração latino-americana e caribenha, refaça nossas alianças estratégicas com a China e com a Rússia.

8.Defendemos que o PT busque construir uma “Mesa Unitária” com as forças políticas e sociais de esquerda – incluindo todas aquelas presentes na Frente Brasil Popular e na Frente Povo Sem Medo – e que esta – a construir – Mesa Unitária da Esquerda elabore uma Carta Compromisso para as próximas eleições presidenciais. É também neste terreno de uma desejada Mesa Unitária que nossos aliados de esquerda poderiam dizer como pretendem enfrentar os obstáculos impostos pela cláusula de barreira.

9.O protagonismo dos setores populares é fundamental, também, para enfrentar o apoio eleitoral que a extrema-direita ainda possui. Não devemos subestimar o bolsonarismo, que está se preparando para todos os cenários, inclusive o de questionar o resultado das próximas eleições presidenciais.

10.É preciso estar atento para o fato de que o grande empresariado capitalista está lucrando como nunca. E, portanto, fará de tudo para manter esta situação, seja tentando cooptar a candidatura da esquerda, seja construindo uma terceira via, seja apoiando a reeleição de Bolsonaro.

11.É preciso estar atento, ainda, para o fato de que o cenário atual – no qual Lula venceria as eleições – pode se alterar profundamente, seja por um agravamento da crise política, seja pela evolução da situação da pandemia e da situação econômica, seja pelo surgimento de uma terceira via ou pelo fortalecimento de Bolsonaro. Não custa lembrar que em 1994 e em 2018 Lula também liderava as pesquisas, o que não impediu a direita – liderada pelos mesmos com os quais alguns setores da esquerda sonham em fazer uma frente ampla – de viabilizar alternativas, inclusive ao arrepio da Constituição.

12.O protagonismo dos setores populares é fundamental, finalmente, para enfrentar os desafios do ano de 2021. Não haverá 2022, se a extrema-direita e a direita neoliberal não forem enfrentadas, contidas e derrotadas no ano de 2021, não apenas Bolsonaro, mas também aqueles que vem aprovando no Congresso nacional seguidas medidas antipopulares. Por exemplo a privatização da Eletrobrás, que está no Senado; e a pretendida reforma administrativa, que passou na Comissão de Constituição Justiça e Cidadania.

13.Neste sentido, não devemos esperar que do Congresso, em particular da CPI da Covid 19, surja espontaneamente algo que beneficie o povo brasileiro. Só uma intensa pressão pode arrancar da CPI uma recomendação direta pelo impeachment de Bolsonaro. Cabe ao nosso Partido ser uma voz permanente em favor do impeachment, da interrupção imediata deste governo e da convocação antecipada de novas eleições.

14.Grandes batalhas esperam o povo brasileiro. Para vencê-las precisamos contar com nossa organização e nos desfazer de qualquer ilusão na classe capitalista e nos seus funcionários, seja os de extrema-direita, direita ou centro. O caminho do Brasil para o futuro é pela esquerda.

15.O PT deve acelerar a oficialização da candidatura Lula, construir uma “Mesa Unitária” das forças da esquerda e organizar em torno desse eixo as alianças estaduais. Nos opomos, portanto, aos movimentos e acordos que vem sendo feitos à margem do Partido, tentando criar fatos consumados. É preciso organizar o conjunto de nossa tática eleitoral em torno da campanha presidencial, de uma campanha Lula que deve ser feita a quente, baseada em comitês populares, como foi a de 1989, falando diretamente com o povo, que deve ser o grande beneficiário de nosso futuro mandato presidencial, que não vai se limitar a recuperar o legado, mas também vai realizar as reformas estruturais de que o povo brasileiro necessita.

16.Para atingir estes objetivos, teremos que enfrentar imensos obstáculos e constrangimentos, inclusive os que foram incorporados à própria Constituição desde 2016. Neste sentido, é fundamental que falemos claramente da necessidade de acumular forças para realizarmos uma Assembleia Nacional Constituinte, tal como previsto em resolução do PT. Uma Constituinte é um dos caminhos para destravar os inúmeros obstáculos ao nosso projeto de “Reconstrução e Transformação”.

17.Estamos às vésperas do bicentenário da independência e do centenário dos grandes enfrentamentos que marcaram o ano de 1922. Mais uma vez o país se enfrenta diante de uma disjuntiva: ou reafirmar a dependência, a desigualdade e a democracia oligárquica; ou construir a soberania, o bem estar social e a democracia popular. Esta disjuntiva se dá nos marcos de uma situação internacional de profunda crise sistêmica da ordem capitalista hegemonizada pelos Estados Unidos. O PT, fiel aos compromissos que defende desde sua fundação, continuará se empenhando por um Brasil democrático, popular e socialista.

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3/Informe e deliberações sobre o GTA

A companheira Natália Sena deu um informe sobre as sete reuniões até agora realizadas com as direções estaduais do Partido. Quem quiser detalhes pode solicitar diretamente.

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4/Informes e deliberações sobre setorial de juventude

Acontecerá no dia 6 de junho a plenária nacional da juventude da AE. Maiores informações diretamente com Patrick Araújo. Igualmente informes sobre Ubes e UNE.

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5/Informe e deliberação sobre encontros setoriais do PT

Reafirmada a convocação da Plenária nacional da AE dia 13 de junho, das 9h as 12h, reunindo integrantes de setoriais estaduais e nacionais, debaterá o assunto. Maiores detalhes com Daniela Matos.

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6/Informe e deliberação sobre o setorial de combate ao racismo

Está sendo produzido o texto base da plenária nacional, cuja data ainda será definida. Maiores detalhes com Patrick Araújo.

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7/Informe sobre plenária nacional do setorial LGBT+

Plenária da AE LGBT+ será dia 12 de junho, as 15h. A Dnae deve liberar o texto base até o dia 6 de junho. Maiores informações com a Daniela Matos.

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8/Informe e deliberação sobre conferência de mulheres

Plenária nacional de mulheres ocorreu, regimento da conferência foi divulgado, texto base foi divulgado, estamos em processo de conferência. A conferência será de 13 a 15/8. Maiores informações com a Jandyra Uehara.

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9.Resolução da Conferência Sindical

Está em fase de diagramação, a revisão final será feita pela Jandyra Uehara.

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10.Informe e deliberações sobre Encontro nacional livre

Valter Pomar deu um informe e falará com Rui Falcão a respeito da necessidade dele Falcão redigir a primeira versão da convocatória/programação do encontro.

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11/Informes e deliberações sobre a FPA

Valter Pomar deu um informe, maiores detalhes podem ser solicitados diretamente.

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12/Informe e deliberações sobre a bancada federal

Natália Sena vai convocar a reunião.

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13/Informe e deliberações da tesouraria

Damarci Olivi deu um informe, maiores detalhes podem ser obtidos diretamente. Foi decidido o prêmio da próxima rifa nacional.

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13/Informe e deliberações da formação/Nova Primavera

Fizemos duas plenárias nacionais de militantes da AE que estão participando do projeto Nova Primavera. Apoiamos o curso promovido pelo CCEV sobre aspectos pedagógicos. Proporemos para a Elahp fazer um curso sobre núcleos e organização de base. Vamos publicar um livretinho com a compilação de resoluções do PT sobre formação política. Faremos nova plenária, para fechar nossa contribuição à Conferência Nacional de Formação. Está em debate na Dnae o texto abaixo, com previsão de ser publicado até terça-feira 1 de junho.

Sobre o Projeto Nova Primavera

A tendência petista Articulação de Esquerda realizou duas plenárias nacionais com militantes que participam do projeto Nova Primavera. Nestas reuniões, foi feito um balanço ao mesmo tempo positivo e crítico da iniciativa.

Consideramos muito importante o esforço organizado e nacional em favor da formação política e da organização de núcleos de base. Por outro lado, o programa composto por uma jornada de formação de educadores/as; por um processo de conferência; e a criação de núcleos; apresenta problemas. Alguns inevitáveis num projeto que está começando, outros derivados da situação geral do Partido, e aqueles problemas derivados de questões organizativas e da concepção do programa.

Os problemas não diminuem a importância da iniciativa e defendemos que toda a militância petista deva se esforçar pelo seu sucesso, sem prejuízo de correções de rumo e ajustes.

Para contribuir nesse sentido, a tendência petista Articulação de Esquerda apresenta o texto a seguir, que tem o objetivo de contribuir: 1. com a Conferência Nacional de formação do PT; 2. com a organização dos núcleos de base do Partido.

Este documento ainda está em processo de debate e, portanto, agradecemos as sugestões e críticas.

A conferência nacional de formação política do PT

A secretaria nacional de formação política do PT está convocando uma conferência nacional que tem o objetivo de construir o Sistema Nacional de Educação e Formação Política do PT.  O calendário tentativo desta conferência é o seguinte:

*até 15 de Junho: lançamento do texto-base e do regulamento da Conferência;

*nos meses de julho, agosto e setembro as etapas zonais e municipais da Conferência;

*em outubro as etapas estaduais.

*em novembro a etapa nacional.

É muito importante o engajamento de todos e todas nesse processo. Afinal, dos rumos do PT depende, em boa medida, os rumos do Brasil. E uma mudança nos rumos do Brasil terá um impacto imenso sobre a América Latina e, por tabela, sobre o mundo.

A história do PT é parte da história do Brasil, mais exatamente da história do Brasil República, mais precisamente do período que inicia com uma dupla crise: a crise do desenvolvimentismo conservador e a crise da ditadura militar.

Sem aquela dupla crise, não teria ocorrido as condições que tornaram possível surgir um partido como o PT: um partido legalizado, um partido de massas, um partido popular, um partido com protagonismo do operariado industrial, um partido democrático, um partido com múltiplas tendências internas, um partido socialista.

O PT foi criado em 1980 e ao longo dos últimos 41 anos nosso partido sofreu muitas transformações, cujo pano de fundo é o que ocorreu no Brasil e no mundo depois de 1980. Processos como a financeirização e a desindustrialização, o avanço do neoliberalismo e a crise do socialismo afetaram profundamente o PT, tanto no plano objetivo quanto no plano subjetivo.

O PT manteve seu caráter de massas, mas hipertrofiando sua dimensão eleitoral e reduzindo sua presença organizada. Manteve seu caráter militante, mas com destaque para a dimensão política profissional (dirigentes profissionalizados, e principalmente comissionados em governos e parlamentos). Manteve a defesa do socialismo, mas cada vez mais apenas como “horizonte” e cada vez menos como alternativa concreta para os problemas estruturais do país. A noção de conquista do “poder” foi se convertendo em sinônimo de conquistar “governo”. A estratégia revolucionária baseada em grandes lutas sociais foi sendo substituída pela atuação nas instituições e nos processos eleitorais. Cresceu no interior do PT a influência dos “setores médios” e o abandono da ideia segundo a qual devemos impor uma derrota de conjunto à classe dos capitalistas.

Ao longo destes 41 anos de história, como evoluiu a formação política num partido com esta trajetória e com estas características?

As práticas de formação política do PT têm origem em várias fontes: as experiências da igreja católica, das organizações comunistas e das atividades acadêmicas e para-acadêmicas.

É preciso lembrar, também, que a imensa maioria dos eleitores, dos filiados, dos militantes e dos dirigentes do PT não foi formada pelas estruturas de formação do próprio Partido. A maioria da nossa base social obteve sua formação política através de outros meios, entre os quais: (1) As lutas políticas e sociais (a luta é uma grande educadora); (2) O esforço individual de releitura do que é transmitido pelos meios de comunicação e pelos espaços formais de educação; (3) Atividades dos movimentos sociais, sindicatos, igrejas progressistas, tendências partidárias; (4) A participação na vida partidária (congressos, encontros, reuniões, debates etc.).

Portanto, apenas uma minoria dos petistas obteve sua formação através das atividades formais de educação política do próprio Partido, ou seja, através de atividades das secretarias de formação, atividades formativas da Fundação Perseu Abramo e cursos “encomendados” (no passado) ao Instituto Cajamar e entidades similares.

Em alguma medida isso reflete características e dificuldades objetivas e inerentes a um partido como o nosso. Mas também reflete o compromisso efetivo do Partido com a criação de uma política de formação político-ideológica própria.

O que demonstra tal compromisso efetivo? Os recursos humanos e materiais efetivamente colocados à disposição da tarefa. Houve momentos na história do Partido em que a formação política foi vista efetivamente como prioridade e isso se materializou, por exemplo, na criação do Instituto Cajamar (1986-1996).

Depois de 1996 houve várias tentativas de retomar o compromisso efetivo com a formação. A criação da Fundação Perseu Abramo, a criação da Escola Nacional de Formação e a criação do Programa Nova Primavera são sinais disto. Mas até o momento não atingimos o patamar de compromisso efetivo que existia na segunda metade dos anos 1980, época da criação do Instituto Cajamar.

Além de uma redução no compromisso efetivo, houve mudanças no próprio conteúdo da formação, entendendo por isso o conjunto do processo pedagógico e seus resultados.

Por exemplo: quando analisamos ao longo do tempo os cursos de formação política do Instituto Cajamar, os cursos da Escola, os “mestrados” da Fundação Perseu Abramo e inúmeras outras atividades formativas do partido, percebemos ao longo destes 41 anos a redução da formação político-ideológica em favor de uma formação “técnica” em políticas públicas e de capacitação para exercer mandatos.

Nem sempre estas mudanças estão explícitas nas resoluções do PT sobre o assunto, até porque nem sempre as resoluções refletem a realidade, nem expressam as divergências. Pelo contrário, as resoluções em geral nos pintam geralmente melhor do que somos. A esse respeito, recomendamos a leitura do anexo 1 deste texto: um resumo de todas as vezes em que as expressões “Formação Política” ou “Formação” – com sentido de formação política – aparecem nas resoluções do partido.

Recomendamos, também, a leitura do anexo 2 deste texto: “A política de formação do Partido dos Trabalhadores”, elaborado pela Secretaria Nacional de formação política em 1988. Em nossa opinião, mais de 30 anos depois, este texto segue um bom roteiro para nossa Conferência nacional de formação.

Finalmente, chamamos a atenção para uma velha verdade: organização é política concentrada.

Uma linha política concentrada em disputar eleições, gerir mandatos, em executar um programa que não toca nas estruturas do capitalismo e, fazer alianças com partidos de centro, terá enormes dificuldades para implementar um programa de formação política militante e de organização de núcleos de base.

É positivo que mais de 6 mil filiadas/os tenham se inscrito na Jornada Nacional de Formação de Educadores e Educadoras. A criação, e posterior manutenção, de 6, 60 ou 600 núcleos, será um grande avanço. Mas a pedagogia, o método, não resolverá os problemas dos desafios políticos e organizativos do PT.

As atuais debilidades de organização de base do PT não são oriundas de problemas pedagógicos e sim de escolhas políticas, mais precisamente, de linha política. Esta linha diz respeito à estratégia e à concepção de partido derivada desta estratégia. A linha atual do PT é o principal obstáculo para o sucesso do programa Nova Primavera no eixo dedicado à um amplo processo de criação de núcleos de base. E tende a ser um limitador para o processo de conferência para discutir um sistema de formação política para o Partido.

Não consideramos possível mudar a maneira como o Partido se organiza e funciona na base, e executar um sistema de formação política sustentador de tal mudança, mantida a linha política geral atualmente existente no Partido.

Organização é política concentrada. Logo, não há harmonia possível entre formar massivamente militantes e ao mesmo tempo o partido continuar funcionando em bases prioritariamente eleitorais.

Um dos motivos pelos quais o Instituto Cajamar fechou, em 1996, é que a lógica que anima a formação massiva de militantes não é – no limite – compatível com a lógica que converte os militantes em filiados-eleitores.

Por isso, o esforço correto do projeto Nova Primavera, em favor da formação política e da organização de núcleos precisa ser acompanhado de um debate sobre a necessidade do PT construir uma nova estratégia de luta pelo socialismo no Brasil. Uma estratégia adequada aos tempos abertos no dia seguinte ao segundo turno de 2014, pela ofensiva golpista, pelo impeachment, pela condenação/prisão/interdição de Lula, pela eleição fraudulenta de Bolsonaro e pelas contrarreformas ultraliberais e neofacistas.

A formação dos núcleos de base

Uma demonstração da contradição entre o esforço do Nova Primavera e a estratégia ainda predominante no PT, é a dificuldade que estamos enfrentando – na jornada – no sentido de construir núcleos de base.

Na história dos partidos socialistas, encontramos duas dinâmicas diferentes: os partidos que se organizam para disputar eleições e os partidos que se organizam para disputar o poder. Estes últimos são capazes de disputar eleições, mas não apenas isso. Se organizam para dirigir transformações estruturais da sociedade e por isto buscam se organizar em todos os “terrenos” possíveis: locais de trabalho, de moradia, de estudo, de comunicação, cultura e lazer etc.

A dificuldade que muitos integrantes da Jornada estão demonstrando, seja de compreender, seja de implementar a construção de núcleos de base, seja de articular os núcleos às dinâmicas partidárias, revela o quão profundamente o nosso Partido se transformou, desde os anos 1980. Hoje, precisamos de uma imensa “fisioterapia”, de um imenso exercício de RPG, para reaprender a fazer organização de base. A essência da dificuldade não é pedagógica, é política: trata-se de compreender que núcleos de base só fazem sentido numa perspectiva de organizar a luta social e disputar o poder.

Nessa perspectiva, a tendência petista Articulação de Esquerda – além de continuar empenhada no Nova Primavera, na jornada de formação de educadores/as, no processo de conferências e, na criação de núcleos – decidiu estimular a realização de um curso nacional de formação intitulado: NÚCLEOS DE BASE: O QUE SÃO, PARA QUE SERVEM E COMO ORGANIZAR (ver anexo 3).

Concluímos informando que tão logo a SNFP informe o calendário definitivo, pretendemos contribuir com textos nossos – coletivos ou individuais – para o processo de conferência de formação do Partido, assim como para a Tribuna Livre do programa Nova Primavera.

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14/Informe e deliberações da comunicação

Está em debate a pauta do P13 de junho. Faremos uma versão capa-e-cartaz para distribuir nas próximas manifestações pelo Fora Bolsonaro. Estamos discutindo a data de lançamento da próxima edição da revista Esquerda Petista.

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15/Informe e deliberações sobre estados (ver ponto 5 do OM passado)

 Jandyra Uehara deu informes sobre atividades com nossa militância sindical no ES e em MG. Proposta de fazer curso de formação sindical.

Dani deu informação sobre plenária devolutiva no MT. Patrick deu informe sobre atividade no MS. Júlio deu informe sobre RS, inclusive eleição CPERS.

(ajuda memória sobre quem acompanha os estados: Mucio Magalhães PI, PE, PB e SE; Valter Pomar Sudeste e Norte e do Maranhão; Daniela Matos MT e GO; Natalia Sena RN, CE, BA e AL; Patrick MS e DF; Júlio Quadros região Sul.)

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16/encaminhamentos pendentes (ver ponto 6 do OM passado)

O Congresso aprovou algumas deliberações organizativas, que serão encaminhadas pelo Valter Pomar junto a cada dirigente responsável, a saber:

-realizar em todos os estados e no maior número possível de cidades, plenárias abertas de apresentação das resoluções da primeira etapa do 6º congresso da AE (ao estilo do que fizemos no Contramola de 28 de abril);

*realizar a segunda etapa do 6º congresso virtual 2021 no maior número possível de estados e cidades;

-orientar (vide regimento) que os congressos municipais e estaduais da segunda etapa aprovem resoluções políticas e organizativas específicas (sobre a cidade e/ou estado respectivo), bem como elejam direções com real capacidade operacional;

*naqueles estados onde não conseguirmos realizar a segunda etapa, caberá à nova Direção nacional convocar plenárias para organizar a tendência, tendo como meta chegar ao final de 2021 com direções em todos os estados brasileiros e direções municipais nas 49 cidades com mais de 500 mil habitantes;

*reeditar a cartilha de apresentação da AE;

*produzir um vídeo de apresentação da tendência;

*produzir um “poudicasti” de apresentação da tendência;

*deflagrar, ainda em 2021, uma campanha especial de finanças, com o objetivo de receber doações de simpatizantes da tendência para sustentar e ampliar nossas atividades de formação e comunicação;

*formular e aprovar na segunda etapa do congresso alternativas de contribuição material para a militância desempregada e/ou sem fonte de renda, além daqueles mecanismos já previstos no regulamento interno da AE;

*prosseguir o cadastro nacional de militantes da AE, incluindo na atual e nas próximas pesquisas perguntas que visem detectar as capacidades técnicas e profissionais que possam ser úteis para a organização;

*manter nossos atuais meios de comunicação (site, jornal e editora Página 13; revista Esquerda Petista; podcast Em Tempos de Guerra, A Esperança É Vermelha; lives Antivírus e Contramola; boletim Orientação Militante), ampliar sua qualidade e organizar sua difusão profissional, bem como nossa atuação pública nas redes sociais (perfis no Instagram e Twitter; página e grupo no Facebook; canais no YouTube), e nos meios internos de comunicação (listas de e-mails e grupos no WhatsApp, Telegram, etc.);

*realizar o curso de trabalho de base, incluindo elaboração e troca de experiências sobre métodos de agitação política presencial e virtual;

*implementar experiências piloto de distribuição do jornal Página 13 em portas de fábricas, praças, ruas e comunidades, combinando isso com atividades de finanças;

*realizar, em janeiro de 2022, a tradicional jornada nacional de formação política, bem como estimular que os estados e municípios façam o mesmo;

*organizar, ainda em 2021, uma atividade de formação em cada Estado, de modo a recepcionar novos filiados e formalizar a situação de militantes de fato da AE mas que ainda não estão filiados formalmente, bem como fazer a  apresentação das resoluções da AE aos simpatizantes da tendência, de modo a convidá-los à militância na Articulação de Esquerda;

*elaborar um projeto e iniciar a implementação nos estados e municípios, de uma rede de Cursinhos Populares Clóves Castro, como forma de combater a evasão escolar, contribuir para o ingresso de jovens da classe trabalhadora ao ensino superior e organizar e formar politicamente a juventude nos municípios;

*mapear o desempenho das candidaturas de juventude da AE em 2020, como parte da disputa ideológica e política contra a postura predominante em outras iniciativas, como o Representa;

*realizar plenárias nacionais, sob coordenação da Dnae em articulação com as coordenações setoriais e direções estaduais e municipais, para debater nossa intervenção nas mais diferentes frentes de atuação (por exemplo, cultura, pessoas com deficiência, saúde, direitos humanos, TI, saúde mental, educação, comunicação, formação política , moradia, rurais, lutas ambientais , juventude, mulheres, combate ao racismo, LGBT+, militantes participantes do Nova Primavera, direções partidárias, governos, bancadas, eleições 2022 etc.);

*ampliar a presença da AE no movimento sindical, estimulando que cada militante esteja sindicalizado e envolvido na organização da sua categoria, articulando-se com outros militantes da tendência ou próximos, tendo como objetivo fortalecer a CUT, seja reforçando a agenda da Central nos sindicatos filiados ou construindo um movimento de filiação daqueles que estão filiados a outra Central ou não possuam filiação a central alguma. Também realizar a articulação com a CUT de grupos organizados de trabalhadores que não constituam uma categoria propriamente dita ou que ainda não constituam um sindicato;

*continuar apoiando o projeto da Elahp, o projeto do blog MANIFESTO PETISTA e a proposta de convocação de um “encontro nacional livre”, para debater temas estratégicos e programáticos.

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17.Segunda etapa do congresso

A direção nacional da tendência petista Articulação de Esquerda convocou a segunda etapa do 6º Congresso. O regimento está site. Lembramos algumas das datas principais:

*Até o dia 20 de junho de 2021, a Dnae realizará plenárias abertas à militância petista em geral, para apresentar a resolução aprovada pela primeira etapa do Congresso 2021. Simpatizantes da AE que desejem filiar-se à tendência poderão fazê-lo nesta plenária, diretamente junto à Dnae, que encaminhará os nomes para aprovação das respectivas direções estaduais, nos termos do nosso regimento interno.

*Até o dia 27 de junho de 2021, devem ser realizados congressos municipais da AE.

*Os congressos estaduais da AE devem ser realizados no mês de julho de 2021, em datas a serem definidas por cada direção estadual OU, onde não existir direção estadual, pela direção nacional da AE.

*Nos dias 7 e 8 de agosto acontecerá a segunda etapa do Sexto Congresso nacional virtual 2021 da tendência petista Articulação de Esquerda.

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18.Informe censo da militância

Pessoas que ainda não responderam, favor contatar urgente o Adriano Bueno. Pessoas que já responderam e querem ter acesso a sistematização dos dados, basta solicitar à um dirigente nacional.

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19/confirmar a data

A próxima reunião da Dnae será no dia 27 de junho, domingo, das 18h as 22h.

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20.Expediente

Orientação Militante é um boletim interno da Direção Nacional da tendência petista Articulação de Esquerda. Responsável: Valter Pomar. A direção da tendência é composta por: Mucio Magalhães (PE) eleições 2020 e acompanhamento do PI, PE, PB e SE; Valter Pomar (SP), coordenação geral, comunicação e acompanhamento das regiões Sudeste e Norte e do Maranhão; Damarci Olivi (MS), finanças; Daniela Matos (DF), formação, cultura, LGBT e acompanhamento do MT e GO; Natalia Sena (RN), acompanhamento da bancada parlamentar e dos Estados do RN, CE, BA e AL; Jandyra Uehara, sindical e acompanhamento dos setoriais de mulheres; Patrick (PE), acompanhamento da juventude, do setorial de combate ao racismo, do MS e DF; Júlio Quadros (RS), acompanhamento dos setoriais de moradia, rurais e da região Sul. Comissão de Ética: Jonatas Moreth(DF), titular; Sophia Mata (RN), titular; Rosana Ramos (SP), suplente; Pere Petit (PA), suplente.

 

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