O mar da história é agitado

Por Pedro Augusto Domingos (*)

Será que o povo chileno após conquistar seu maior objetivo que é a derrubada de Piñera aceitaria de volta a mesma política de Bachelet?

Bachelet  e o Partido Socialista mesmo sendo considerados de esquerda, não avançaram em reformas estruturais, mantendo o mesmo sistema de acumulação herdado de Pinochet, rompendo com a ala marxista do partido e pondo em último plano a ruptura.

Esses tempos de guerra marcam o esgotamento de um modelo que não foi capaz de atender a todos, que apesar de fazer a importante inclusão dos marginalizados em espaços que jamais antes eram ocupados, manteve a dominação de uma classe sobre a outra, destruindo as terras de indígenas e quilombolas, desmatando as matas, envenenando nossos alimentos, precarizando empregos, retirando direitos, achatando a renda do trabalhador.

Não estamos vivendo dentro da normalidade. Retomar aquilo que já foi proposto pelos governos progressistas se torna inviável por dois motivos que considero importantes. O primeiro é a impossibilidade de uma agenda social com os recursos que hoje são destinados para o Estado. A financeirização do capital endividou em grandes proporções a máquina pública. O segundo motivo seria o tempo necessário para que o reformismo pudesse transformar a vida das massas. A insatisfação permaneceria e insurreições seriam frequentes.

Um novo programa se faz urgente e para que a esquerda continue sendo o instrumento de organização das camadas populares é necessário fazer uma nova leitura desse já conturbado século 21.  As políticas públicas talvez já façam parte do museu de grandes novidades.

Em um dos livros de um importante cientista político do Partido dos Trabalhadores há um trecho interesante que diz assim “uma das vantagens de sobreviver é ter mais chance de experimentar diretamente as reviravoltas da história.” Pois bem, a inquietação e a abertura de situações pré revolucionárias na América Latina animam os que há tempo tem alertado sobre a a encruzilhada que nos metemos.

Manteremos a esperança no nascimento de um novo “mundo”, sobretudo para os povos da periferia global. Um mundo socialista, democrático e popular.

(*) Pedro Augusto Domingos  é militante petista de Santo André

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