Nota da AE-SP: “A candidatura do PT à prefeitura de São Paulo deve ser eleita em prévias virtuais”

Página 13 divulga nota da tendência petista Articulação de Esquerda de São Paulo, acerca da escolha da  candidatura do Partido para a prefeitura da cidade.

EM TEMPO DE PANDEMIA DE CORONAVÍRUS

A CANDIDATURA DO PT À PREFEITURA DE SÃO PAULO DEVE SER ELEITA EM PRÉVIAS VIRTUAIS ENVOLVENDO TODOS OS FILIADOS E TODAS AS FILADAS AO PARTIDO!

A eleição para a Prefeitura do Município de São Paulo, tanto do ponto de vista institucional quanto social, constitui-se em um fenômeno político da maior importância na luta contra o condomínio golpista e o governo Bolsonaro, tratando-se, portanto, de pleito cuja dimensão e repercussão políticas são nacionais.

A compreensão da relevância do pleito para a Prefeitura do Município de São Paulo, fez com que o Partido tenha iniciado o ano de 2020 realizando eleições internas prévias, processo que vinha sendo marcado por vários debates entre seis companheiros e uma companheira que postulam ser o candidato ou a candidata do PT a prefeito da capital do Estado.

Com o advento da Pandemia de Coronavírus e os seus reflexos no Brasil, a direção municipal do PT de São Paulo, controlada centralmente por grupo paulistano da tendência interna Construindo um Novo Brasil – CNB e seus aliados de plantão, cancelou as prévias, sem propor um outro processo de escolha, visceralmente democrático, que possibilitasse a participação da militância do PT na definição do seu candidato.

Pré-candidatos recorreram às direções partidárias contra o cancelamento das prévias e ou propuseram a organização do processo por meio da utilização de tecnologias digitais – Alexandre Padilha, Carlos Zarattini, Eduardo Suplicy, Nabil Bonduki e Paulo Teixeira. O pré-candidato Jilmar Tatto e a pré-candidata Kika Silva, ambos da CNB, se manifestaram publicamente contra a realização de prévias virtuais.

A decisão tomada pela direção nacional do PT de permitir às direções partidárias de municipalidades com mais de 100 mil habitantes que indicassem a candidatura à prefeito sem a realização de prévias – o que configura desrespeito ao estatuto partidário e cerceamento da nossa democracia interna –, foi algo desprovido de melhor análise política e operacional, pois existe alternativa segura que pode ser adotada para fazer valer o direito de votar do conjunto da militância.

No Município de São Paulo, a proposição da organização das prévias virtuais, ao seu tempo apresentada por cinco pré-candidatos, pela Articulação de Esquerda e por outras tendências e coletivos petistas de esquerda, baseia-se na existência de abundantes recursos tecnológicos que tornam possível fazer uma eleição interna virtualmente, bem como no conhecimento dos resultados de pesquisa realizada pelo Comitê Gestor de Internet, em 2016-2017, sobre a proporção de usuários de Internet em nove regiões de São Paulo, proporções essas que, atualmente, devem ser maiores.

Chamamos atenção dos companheiros e das companheiras: a proporção de usuários de Internet – celular, computador e outros dispositivos – em São Paulo, no biênio 2016-2017, era em média de 79,7%, assim distribuídos: Leste 2: 70,0%; Norte 2: 70,8%; Leste 1: 74,7; Sul 2: 77,7%; Oeste: 79,3%; Sul 1: 87,4%; Centro Expandido: 88,9% e Norte 1: 93,2.

Uma direção municipal do PT de São Paulo, cujo componente hegemônico fosse diligente, operoso e se dispusesse a arregaçar as mangas, ao saber daqueles níveis de conectividade desiguais, aproveitaria a organização de um processo de prévias virtual para revitalizar o Partido dos Trabalhadores:

a) trazendo de volta ao convívio do petismo dezenas de milhares de filiados ao Partido que se encontram afastados do cotidiano da vida partidária;

b) criando condições, com criatividade e controle democrático por parte de representantes de todas as pré-candidaturas, para que a desigualdade de conexão, que fosse detectada no seio do petismo, não viesse a impedir os companheiros e as companheiras sem acesso à Internet de exercer seu direito de voto. Assim, inúmeros pontos digitais de votação via sistemas de Internet e ou aplicativos para celulares poderiam ser elaborados, tudo de maneira segura e confiável. A construção dos instrumentos ou ferramentas digitais se constituiria em tarefa das mais simples; e

c) estimulando e organizando uma rede de solidariedade no seio do petismo, por exemplo, por meio da organização de fugazes empréstimos de aparelhos por militantes que tenham celulares para que militantes que não os tenham pudessem exercer o direito de voto.

Nada mais democrático!

Contudo, o componente hegemônico da direção municipal do PT de São Paulo, interditou a organização das prévias com o argumento falacioso de que realizar prévias virtuais significaria excluir da decisão petistas que não tem acesso a um computador ou celular e também aqueles que não tem acesso a sinal de Internet de forma contínua.

Pior: chegou-se a escrever que “…não são todos os que usufruem de acesso a um computador ou smartphone com internet, e muitas vezes não estão aptos para utilizar este método”. Ou seja: subestima-se a capacidade dos lutadores populares do PT de utilizarem um simples aplicativo de celular para o exercício do seu direito de voto. Fosse isso verdadeiro, as eleições no Brasil não estariam sendo realizadas totalmente pelo método digital, em âmbito nacional, porque muitíssimos milhões de brasileiros e de brasileiras não estariam “aptos para utilizar este método”.

Ou seja, ao invés de trabalhar – trabalhar! – politicamente na organização das prévias virtuais e garantir o exercício de voto a petistas sem acesso à Internet, num primeiro momento, o componente hegemônico da direção municipal do PT de São Paulo adotou a falácia da exclusão digital para justificar que um seleto grupo de petistas escolha a candidatura do Partido a prefeito da capital do Estado.

Sem meias palavras: o componente hegemônico do Diretório Municipal do Partido dos Trabalhadores de São Paulo animou-se a ressuscitar o espírito do Colégio Eleitoral – o qual, com suas 686 almas, julgávamos enterrado no longínquo ano de 1985 –, usurpando, assim, o direito de votar de cerca de 120.000 filiados e filiadas ao PT no Município de São Paulo, transferindo-o a um Colégio Eleitoral.

O grupo paulistano da CNB que controla o Diretório Municipal do PT-SP, junto com aliados de plantão, no documento cujo título é “Em defesa da verdade e da democracia pela base”, declara-se surpreendido com as “manifestações públicas de parlamentares postulantes à vaga de candidato” a prefeito – são pré-candidatos Alexandre Padilha, Carlos Zaratinni e Paulo Teixeira (deputados federais), e Eduardo Suplicy (vereador). E qual foi o conteúdo central dessas manifestações que fizeram com que se sentissem “vilipendiados”? Os companheiros simplesmente propuseram às instâncias do Partido, formalmente, a realização de prévias virtuais e ou as apoiaram interna e ou publicamente, como método que substituísse as prévias presenciais para a escolha do candidato do PT a prefeito de São Paulo!

E mais: os subscritores daquele documento afirmam que “Entendemos também que qualquer tentativa de mudar as regras do jogo ‘aos 45 minutos do segundo tempo’ é claramente antidemocrática”. Ora, é como afirmar que amplos setores do petismo soubessem da eclosão da Pandemia de Coronavírus e estivessem preparando na tocaia um supremo golpe antidemocrático: a substituição das prévias presenciais pelas prévias virtuais, ou melhor, preparando o método de consulta a todos os filiados e a todas as filiadas para escolha da candidatura do PT a prefeito de São Paulo. Provavelmente esses subscritores julgam que a expressão máxima de democracia interna é um Colégio Eleitoral, restrito a dirigentes, em substituição ao conjunto da militância partidária.

Mas tudo pode piorar. Os subscritores daquele documento chegam a afirmar o seguinte: “Além de que o processo virtual, nas condições em que nos encontramos, poderia possibilitar muitas fraudes, trazendo mais insegurança e expondo o nosso Partido a desgastes desnecessários”.

Registramos que o Setorial de Ciência, Tecnologia e Tecnologia de Informação do PT do Estado de São Paulo, do qual participam profissionais que trabalham com tecnologia de informação, se colocou publicamente à disposição do Diretório Municipal do PT-SP para organizar prévias virtuais seguras e confiáveis, portanto, sem quaisquer possibilidades de ocorrência de fraudes.

O fato: atualmente a realização de prévias virtuais são a única – e segura! – forma de escolhermos uma candidatura à prefeitura da capital do Estado legitimada pela participação direta e maciça dos filiados e das filadas ao PT!

A interdição patrocinada pelo grupo paulistano da CNB que controla o Diretório Municipal do PT-SP e seus aliados de plantão – por ação ou omissão –, dá-se porque eles sabem que, quanto mais massiva for a participação da militância petista em um real processo de prévias, maiores serão as chances de eleição de candidatura que apresente um desassombrado programa democrático e popular para o Município de São Paulo e a efetiva perspectiva de presença potente na luta contra o condomínio golpista e o governo Bolsonaro!

Diante da intensa pressão pela realização de prévias virtuais, que extrapolou o âmbito interno do Partido e envolveu o apoio público de simpatizantes do PT, a Comissão Executiva Municipal do PT-SP aprovou:

a) a ampliação do Colégio Eleitoral restrito, mediante a inclusão de membros das 37 direções dos Diretórios Zonais, coordenadores (as) de Setoriais formalizados junto à instância dirigente municipal e coordenadores (as) de Secretarias Setoriais do Diretório Municipal;

b) a realização de reunião desse coletivo, nos dias 15 e 16 de maio de 2020, através de plataforma virtual – online;

c) a votação secreta do candidato majoritário do PT à prefeitura do Município de São Paulo.

E demandou a autorização do Diretório Nacional – DN do PT, o que foi aprovado, por 56 votos a favor e 13 votos contra, na reunião virtual realizada no dia 29 de abril de 2020.

Por fim, acreditamos que não devemos abandonar a luta pela realização de prévias, tanto pelo fato de que é imprescindível amplíssima participação da militância petista na escolha da candidatura do PT a prefeito de São Paulo como fonte insubstituível de legitimação e de alavancagem da nossa campanha, quanto por possíveis decorrências de questões políticas conjunturais como, por exemplo, o avanço da Epidemia de Coronavírus no Brasil.

O adiamento da reunião marcada para os dias 15 e 16 de maio de 2020 contribuiria para a construção coletiva de uma outra dinâmica no processo de escolha da candidatura do PT a prefeito de São Paulo.

Não ao Colégio Eleitoral
Toda a solidariedade às famílias que perderam entes queridos pela COVID-19
Lula Livre
Viva o 1º de maio – Dia Internacional de Luta dos Trabalhadores e das Trabalhadoras
Viva o Partido dos Trabalhadores
Fora Bolsonaro, Mourão, seu governo e suas políticas

São Paulo, 30 de abril de 2020

Direção Municipal da Tendência Petista Articulação de Esquerda – São Paulo (Capital)

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