Mas, e o PT? As eleições de 2020 a partir do olhar de uma militante de Belo Horizonte

Por Paula Drumond Meniconi (*)

Belo Horizonte, que já teve como Prefeitos Patrus Ananias, Célio de Castro e Fernando Pimentel, intensifica seu movimento para o centro-direita. Teremos, a partir de janeiro de 2021, a Câmara de Vereadores mais conservadora dos últimos tempos.  As eleições do dia 15.11.20 trazem uma renovação de mais de 58% : das 41 cadeiras, 27 serão ocupadas por novos representantes. Verifica-se, também, um movimento de partidos : PP, PDT, PL, PMN,PRTB e REDE passam a ter representação, PCdoB e PSB perdem seus representantes. Com isso, passam de 19 para 23 os partidos com representação. Ganha o campo conservador. Perde o progressista. PT e PSOL mantiveram as 2 vagas cada um.

  • O Prefeito Alexandre Kalil (PSD), reeleito em 1º turno com mais de 63% dos votos, elegeu em sua coligação (PSD,MDB,DC,PP,PV, REDE, AVANTE e PDT) 18 dos 41 vereadores, aumentando em 2 cadeiras sua base de apoio (quase 44%).
  • As cadeiras ocupadas por mulheres aumentam de 4 para 11, sendo 4 do campo progressista ( 2 do PT e 2 do PSOL).
  • PSD, PP, AVANTE, NOVO, PDT, CIDADANIA, PATRIOTA,PSOL, PT, DEM, MDB, PL, PMN, PRTB ,  REDE, PODEMOS, PSDB, PSL, PTB, PTC, REPUBLICANOS, PROS e PSC transitarão pela Câmara a partir de janeiro.
  • A professora trans Duda Salabert (PDT) foi eleita com o maior número de votos (37.613) .

Kalil é visto por muitos como um líder populista e carismático e sua atuação, considerada satisfatória  quanto à pandemia e às enchentes,  parece ser a responsável por sua vitória . Inegavelmente conservador, mas bem distante da extrema direita, derrotou o candidato apoiado por Bolsonaro, Bruno Engler (PRTB) , que teve 9,95% dos votos.

E O PT ?

Elegeu duas vereadoras, Macaé Evarista e Sonia Lansky da Coletiva. Nilmário Miranda, candidato a prefeito, que  teve 1,88% dos votos, desde o início não foi considerado um bom nome, não obstante ser um grande quadro do PT. Também quanto à vereança, o desempenho do partido não foi satisfatório. Nunca houve por aqui real possibilidade de uma composição PT/PSOL. Aurea Carolina recebeu 8, 33% dos votos. Mas esta circunstância nenhuma influência teria no resultado, uma vez que, desde sempre, Kalil foi visto como vitorioso.  Minha pergunta permanece sem resposta. Como chegamos aqui? Como uma capital que teve à frente da Prefeitura Patrus Ananias acolhe atualmente um perfeito representante do chamado “centrão’?

São Paulo tem monopolizado a atenção da militância petista. Natural que seja assim. Afinal, é a maior cidade da América Latina. Toda a questão envolvendo PT e PSOL fez-nos reabrir um baú de mágoas  e ressentimentos de ambos os lados. E eu me pergunto aonde isso nos leva.  Lamento muito as derrotas de Jilmar, de Benedita e Luizianne . Não me proponho a fazer julgamentos ou a destilar péssimos sentimentos.  Minha ideia  é que possamos olhar também  para as 15 cidades nas quais o PT disputa o 2º turno, inclusive Contagem e  Juiz de Fora.  Anápolis, Cariacica, Caxias do Sul, Contagem, Diadema, Feira de Santana, Guarulhos, Juiz de Fora, Mauá, Pelotas, Recife, Santarem, São Goncalo, Vitória e Vitória da Conquista esperam também a força da militância , o apoio dos dirigentes. Todas essas cidades – tanto quanto São Paulo – merecem a atenção, o investimento e o esforço do PT. Há, em cada uma delas, uma imensa batalha a ser vencida!

(*) Paula Drumond Meniconi  é militante do PT e sindicalista


(**) Textos assinados não refletem, necessariamente, a opinião da tendência Articulação de Esquerda ou do Página 13.

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