Enfrentar a pandemia, derrotar Dória e recuperar a democracia interna no PT SP

Página 13 divulga resolução da tendência petista Articulação de Esquerda de São Paulo. 

No dia 27/04, segunda-feira, aconteceu uma reunião virtual do Diretório Estadual do PT-SP que contou com a participação de aproximadamente sessenta pessoas e que teve como pauta: informes, conjuntura e encaminhamentos. Foi a primeira reunião do diretório estadual realizada no período de quarentena devido ao coronavírus. A última reunião da instância havia ocorrido em fevereiro.

A Executiva Estadual apresentou um projeto de resolução sobre a conjuntura política ao qual a tendência petista Articulação de Esquerda apresentou emendas na reunião. Sobre a conjuntura nacional, o texto basicamente reproduzia, em linhas gerais, a recente deliberação do Diretório Nacional do PT por adotar a palavra de ordem “Fora Bolsonaro”, mas sem delinear seu conteúdo. Assim, apresentamos a necessidade de acrescentar também o Fora Mourão e a derrubada de todo o governo e suas políticas, além da defesa de novas eleições com a restituição dos direitos políticos de Lula.

Cabe registrar que todos os argumentos contrários à adoção do Fora Bolsonaro, que até poucos dias antes eram maioria na Executiva Estadual, simplesmente desapareceram. Contudo, ficou nítido que há vacilações na definição do conteúdo político desta palavra de ordem, pois houve posições contrárias à definição urgente sobre qual o melhor caminho para derrubar o cavernícola. Se mantida esta toada, o PT será colocado à reboque dos setores da direita golpista que tentam liderar uma contraposição ao bolsonarismo.

Relacionado com este debate, ocorreu uma discussão sobre a participação dos golpistas – FHC, Rodrigo Maia, entre outros – no ato virtual do 1º de Maio. Após informe de que a participação destas figuras teria sido aprovada pela CUT, apenas duas intervenções criticaram a decisão. De nossa parte, apresentamos que a participação dos golpistas no Ato do 1º de Maio seria uma contradição com a necessidade do PT e da esquerda constituírem uma alternativa democrática e popular para a crise existente no país. Além de ignorar o compromisso desses setores golpistas com a aplicação do programa ultraliberal e de retirada de direitos da classe trabalhadora.

Outro ponto do debate foi em relação ao governo Dória. Em linhas gerais, houve acordo no que se refere à necessidade de um enfrentamento mais incisivo ao governo tucano e às suas políticas que, cobertas por muita propaganda na tentativa de se diferenciar do Governo Federal, na realidade oferecem pouquíssimas alternativas aos trabalhadores e trabalhadoras do Estado de São Paulo. Ademais, o governo estadual anunciou afrouxamento da quarentena em um momento crítico de contaminação e mortes pelo coronavírus. No entanto, poucas iniciativas vêm sendo adotadas pelo partido no enfrentamento público ao governo Dória.

Nesse sentido, propusemos como iniciativa prática uma ampla campanha pública para denunciar as políticas de retiradas de direitos do governo Dória, ao passo que devemos reivindicar também políticas para o combate à pandemia, como a testagem em massa, a complementação da renda emergencial e a reconversão industrial. Por fim, propusemos que o PT SP agisse energicamente contra as iniciativas de prefeitos da direita que tentam flexibilizar a quarentena no momento mais crítico da pandemia. É preciso que o PT SP adote uma política mais ofensiva frente às políticas do governo estadual e prefeituras conservadoras que vem abandonando a classe trabalhadora à própria sorte.

Entretanto, a reunião virtual não foi organizada de modo a possibilitar que emendas ao texto pudessem ser votadas. As emendas foram remetidas para avaliação da Executiva Estadual. Até o presente momento (04 de maio), não houve publicação da resolução. A desorganização da reunião nesse aspecto ficou nítida no momento seguinte ao debate da conjuntura.

Foi apresentada uma proposta de resolução, por membros da tendência Novo Rumo, que recomendava à Direção Municipal do PT da Capital o adiamento por sessenta dias da decisão acerca da candidatura à prefeitura na cidade de São Paulo.

No contexto fortemente antidemocrático que vem pautando as discussões a esse respeito, agora foi a vez da Direção Estadual do PT-SP deixar a sua contribuição para o processo de aprofundamento da falta de democracia no Partido: O Trabalho apresentou uma “questão de ordem” para que não entrasse em discussão a proposta de resolução acerca das prévias.

Com apoio irrestrito da CNB, essa posição saiu vitoriosa por trinta e nove votos, contra dezenove que se opuseram à isto que, ao fim e ao cabo, tinha por objetivo a completa inviabilização do debate. Na prática, a recusa a discutir o mérito da proposta é mais um sinal de que a democracia interna nas instâncias partidárias tem sido desmontada pela atual coalização majoritária no partido.

Os argumentos foram os mais descabidos: desde o fato de que no dia seguinte, 28/04, haveria uma conversa de Lula com todos/a pré-candidatos/a para tentar encaminhar essa questão; o fato de que os recursos seriam julgados pela Direção Nacional no dia 30/04 e que, portanto, não haveria nada que pudéssemos fazer; a defesa de que a reunião do Diretório Estadual não seria um fórum adequado para a referida discussão; e até mesmo o fato de que a Estadual estaria atropelando uma decisão da Direção Nacional. Na prática, uma maneira de inviabilizar o debate e esvaziar o papel de direção política do Diretório Estadual.

Para que o PT no estado de São Paulo consiga se fortalecer e retomar a capacidade de organizar a classe trabalhadora, é necessário superar as limitações e equívocos políticos que orientam a atual maioria no partido. Nesse sentido, garantir a democracia interna é uma premissa que não pode ser descartada como vem ocorrendo sistematicamente no partido em âmbito estadual. Defender o PT passa por alterar a política do partido no estado de São Paulo, o que por sua vez tem um papel estratégico para a luta por um projeto democrático, popular e socialista no Brasil. Por isso, seguiremos apostando na luta da classe trabalhadora, na oposição ferrenha ao ultraliberal Dória e na defesa da democracia no PT.

Direção Estadual da Articulação de Esquerda de São Paulo.

 

 

 

 

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