Diz o general Mourão: “não existe racismo no brasil” – sobre o assassinato do negro João Alberto no Carrefour

Por Antônio Augusto (*)

Foi o que o general Hamilton Mourão, atual vice-presidente da República, comentou, no “Dia da Consciência Negra”, sobre o bárbaro assassinato de um cidadão brasileiro negro.

Bolsonaro foi pelo mesmo (des)caminho e negou existência de racismo no crime. Segundo ele: “sou daltônico, todos têm a mesma cor”. Se todos têm a mesma cor, porque o massacre de negros, vítimas de violência no Brasil, é muito maior do que o de brancos?

Desconte-se, além do mais, a habitual ignorância completa de Bolsonaro: o que tem a ver ser ou não ser daltônico diante do fato? O daltonismo é a deficiência visual de quem troca o verde pelo vermelho e vice-versa. Mas Bolsonaro, a respeito de tudo que fala ou faz, tem que afirmar sua ignorância boçal.

Disse mais o extremista de direita ora no Planalto, ao fazer questão de minimizar o crime: “Problemas como o da violência são vivenciados por todos”.

 

BOLSONARO É O NEOFASCISMO,

A SOMA DE TERROR E DESCARADA DEMAGOGIA

 

E quem mostra sua indignação contra o monstruoso espancamento e assassinato de João Alberto Silveira Freitas, e exige exemplar punição dos criminosos, recebe descabidos e infames ataques de Bolsonaro:

“Aqueles que instigam o povo à discórdia, fabricando e promovendo conflitos, atentam não somente contra a nação, mas contra nossa própria história. Quem prega isso está no lugar errado. Seu lugar é no lixo”.

À violência assassina dos seguranças do Carrefour, Bolsonaro soma a violência de minimizar completamente o crime, negar o racismo, querer jogar opositores e anti-racistas “no lixo”.

Os dois ingredientes básicos do fascismo são a violência do terror, como ocorreu no Carrefour, e nas ameaças de Bolsonaro, e a demagogia.

Ao minimizar o crime, e não condená-lo, Bolsonaro atribui aos brasileiros que pedem justiça quanto ao assassinato de Porto Alegre a “instigação de discórdia e a promoção de conflitos”. Ele não vê “discórdia”, “conflitos” e crime onde de fato existem, como neste assassinato de um negro no Carrefour, que indigna e comove não só o Brasil, mas o mundo inteiro, em qualquer lugar onde se tem notícia desta violência inominável.

Mas o extremismo de direita, o neofascismo, não é só demagogia, é a demagogia sem limites e a mais descarada.

Por isso, para Bolsonaro, quem se indigna com o selvagem espancamento e assassinato de João Alberto, “instiga à discórdia” a fim de “se beneficiar politicamente com a perda de nossa soberania”.

È o cúmulo: um entreguista como Bolsonaro, um “office-boy” de Donald Trump, que diz coisas como “a solução para a Amazônia é entregá-la aos Estados Unidos”; ou se empenha na destruição da Petrobras, e entrega a riqueza imensa do nosso Pré-Sal às multinacionais; atribuir seus próprios crimes de lesa-Pátria à oposição democrática e popular.

O fascismo é isso: comete os maiores crimes e diz que seus enormes crimes são da esquerda, integrada por seus opositores democratas e patriotas.

No Brasil lutamos para que não haja racismo, assassinatos como o de João Alberto, e para que o extremismo de direita de Bolsonaro, todas essas aberrações, sejam jogadas no seu devido lugar: o lixo da História.

(*) Antônio Augusto é jornalista


(**) Textos assinados não refletem, necessariamente, a opinião da tendência Articulação de Esquerda ou do Página 13.

 

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