Acordo Emirados Árabes e Israel: traição à Palestina e associação aos crimes israelenses

Página 13 publica nota da FEPAL (Federação Árabe Palestina do Brasil) em que esta “manifesta sua posição sobre o reconhecimento da ocupação da Palestina e da usurpação de Jerusalém pela monarquia familiar denominada Emirados Árabes Unidos.”

 

Acordo Emirados Árabes e Israel: traição à Palestina e associação aos crimes israelenses

O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou que, sob sua mediação, os Emirados Árabes Unidos e Israel alcançaram acordo para normalização de relações diplomáticas. Em “troca”, Israel teria suspendido, e apenas suspendido, a pretendida anexação de vastas áreas da Cisjordânia, algo em torno de 30%. À luz disto, esta Federação Árabe Palestina do Brasil tem a manifestar:

1. Os Emirados Árabes Unidos (EAU), infelizmente, hostilizam a Palestina e seu povo em troca de absolutamente nada, salvo, eventualmente, por benefícios pessoais de alguns, não representando a vontade do digno povo emirate;

2. O acordo com Israel tem por pretexto o congelamento da anexação de território palestino. Ou seja: apenas adiam! Sequer se fala em desistência da anexação, o que também não caberia, posto que só o fim da ocupação serve de base para normalização com Israel;

3. Absurdo dos absurdos, os EAU aceitam em troca do acordo com Israel um território que sequer é israelense, mas palestino e sob ocupação, implicando no reconhecimento da ocupação e na obstaculização da existência de um Estado Palestino soberano;

4. Com isso, também, os EAU desprezam todas as resoluções da ONU e o Direito Internacional violados por Israel e, normalizando os crimes de lesa humanidade e fazendo destes uma regra nas relações internacionais;

5. Além disso, os EAU prejudicam a Iniciativa de Paz Árabe (2002) e a Liga dos Estados Árabes – das quais é integrante –, que propõem a normalização com Israel conquanto este reconheça a existência de um Estado Palestino, tendo por parâmetros as resoluções da ONU, o Direito Internacional e os acordos de paz já assinados pelas partes e descumpridos unicamente pela parte israelense;

6. Tristemente, os EAU premiam Israel e os EUA pelos seus crimes contra o povo palestino, também cometidos contra os demais povos árabes;

7. Não bastasse, os EAU contribuem para que Trump e Netanyahu, que respondem por crimes em seus países e que correm sérios riscos do fim de suas controversas carreiras políticas, salvem-se politicamente às custas dos direitos legítimos do povo palestino;

8. Reconhecendo Israel e legitimando seus crimes, os EAU não contribuem para o processo de paz, mas, ao contrário, ajudam a criar mais obstáculos à resolução pacífica da problemática na Palestina ocupada;

9. Os EAU não têm legitimidade para falar em nome dos palestinos. Somente o povo palestino e suas instituições e lideranças legítimas, à frente delas a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), única e legítima representante do povo palestino, podem falar em nome da Palestina e negociar em defesa de seus interesses; e

10. Por fim, legitimar Israel enquanto ocupa a Palestina, massacra seu povo, impede seus refugiados de retornarem, anexa Jerusalém, agride outros países árabes, desrespeita todas as resoluções da ONU e todo o ordenamento legal internacional importa em ato de traição, ao qual somente lacaios se prestariam.

Esperamos que o povo e a liderança emirate repensem quanto a estas vergonhosas capitulação e associação aos crimes de Israel, revisem-nas e retornem ao seu leito natural, que é o da grande comunidade de nações árabes, alinhando-se ao primado dos direitos humanos dos povos, ao Direito Internacional, às resoluções da ONU para a Palestina, ao melhor convívio civilizado no seio da Comunidade Internacional e, com isso, sejam um agente de libertação da Palestina e não mais um de seus algozes.

E apelamos à Comunidade Internacional que denuncie e refute este ou qualquer acordo que normalize a ocupação da Palestina, que garanta a impunidade de Israel por seus crimes de lesa humanidade contra o povo palestino. Nada menos do que uma Palestina Livre e Soberana.

Palestina Livre a partir do Brasil, 14 de agosto de 2020.

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