A reunião do DN do dia 11 de setembro

Por Página 13 (*)

No dia 11 de setembro, reuniu-se o Diretório Nacional do PT, com o propósito de debater a situação política nacional.

Algumas tendências apresentaram subsídios por escrito. É o caso do Movimento PT, da DS e da Articulação de Esquerda, que neste caso contou com a participação também do companheiro Rui Falcão ( leia aqui ).

Ao final, foi constituída um comissão de redação, que apresentou uma proposta de resolução que foi aprovada ( leia aqui).

A comparação entre o texto aprovado e as opiniões expressas nos subsídios das tendências demonstra duas coisas.

Primeiro, que houve um esforço de unidade, o que sem dúvida é positivo. Segundo que este esforço se fez em detrimento do esclarecimento de qual é – de fato – a tática do Partido.

As divergências existem, como é público, por exemplo sobre o Fora Bolsonaro, sobre a CPI da Covid, sobre as manifestações de rua, sobre o Grito dos Excluídos e sobre a amplitude da frente.

Antes de tratar do mérito da resolução aprovada, cabe salientar um tipo de comentário feito na reunião, que revela um aspecto importante de um modus operandi que contribui para produzir formulações políticas aquém do necessário para as tarefas e desafios políticos postos ao PT.

Há dirigentes petistas, acreditem!!!, que criticam a existência de textos e contribuições ao debate por parte das tendências. Se este comportamento prevalecer, o resultado será um empobrecimento do debate político e o rebaixamento das sínteses que possam ser produzidas. Sem falar que isto empobreceria ainda mais a democracia partidária.

Isto posto, vamos ao conteúdo da resolução. Ela define “como datas de referência para a realização de atos públicos nacionais os dias 2 de outubro e 15 de novembro“, mas sem definir a sua amplitude.  Porém, o ato de 2 de outubro tem como chamada, “02 de outubro: ATO NACIONAL PELA SOBERANIA, DEMOCRACIA, DIREITOS DO POVO E FORA BOLSONARO! Impeachment já!” e no decorrer da nota define-se, acertadamente, que “afirmamos que o PT luta contra Bolsonaro, seu governo e suas políticas neoliberais, vinculando sempre a luta pelo impeachment a luta pelos direitos do povo brasileiro.”

A lógica adotada é, na melhor das hipóteses, definir a amplitude dos atos a partir da adesão ou não às palavras de ordem. Outro caminho seria explicitar, na resolução, com quais setores políticos o PT defende e/ou acredita ser possível realizar os atos.

O que prevaleceu, em nossa opinião, é uma definição ambígua. Melhor teria sido aprofundar o debate, fazer a discussão das divergências e tomar as principais decisões políticas.

Há setores do diretório nacional, adeptos da tática da frente amplíssima, que desejam, embora não tenham manifestado formalmente, que todos os atos sejam “amplos” e que acreditam que vale a pena inclusive abrir mão da “pauta do povo” em nome da “amplitude”. Por isto tais setores manifestaram restrições a incluir, na chamada do ato, a expressão “direitos do povo”. Por isto, também, a consigna “impeachment já” não constava da primeira versão da resolução, afinal se for tomado a sério isso implicaria num comprometimento concreto de todas as forças políticas com o afastamento do cavernícola, para além de um Fora Bolsonaro mais genérico. E o fato é que grande parte da oposição de direita é inimiga da pauta do povo e não quer o impeachment, embora possa falar contra o atual presidente.

Por outro lado, há outros setores que, com mediações maiores ou menores, pretende manter a autonomia da esquerda e das forças democráticas e populares, o que parece ser muito acertado, pois como os atos de 12 de setembro demonstraram, a esquerda e Lula continuam na alça de mira da oposição de direita, que na prática somente aceita uma “frente” conosco se abrimos mão de Lula, de uma alternativa política independente da classe trabalhadora e da oposição ao ultraliberalismo.

(*) redacao@pagina13.org.br

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